(A cena se passa na Botica de Epífana, uma Mulher está aguardando para ser atendida, cheiro de cânfora e outras essências).
Epífana: Você gosta do cheiro? Gosta de sentir o cheiro das
coisas?
A Mulher: Eu gosto do cheiro das ervas, dos temperos. E esse cheiro?
É alecrim?
Epífana: É, mas não é para comer.
Mulher: Eu sei... Está tão perfumado...
Epífana: Eu vou jogar um pouco de água na sua cabeça, feche os
olhos e imagine que a água escorre por um funil e escoa para um fundo infinito. (jogando a água). Onde
dói?
Mulher: Dói a perna direta, bem encima do joelho, no fim da
cocha...
Epífana: E a cabeça? Dói?
Mulher: O que causa a dor na perna talvez seja a cabeça. A cabeça
é que faz doer as pernas. Eu me sinto como um pássaro que tem uma perna
quebrada, nada me impede de voar, mas na hora do pouso, na hora de
aterrissar... É sempre tão difícil!
Epífana: Você gosta de álcool?
Mulher: Não, eu não bebo, eu não fumo, eu não cometo excessos, eu
me alimento muito bem...
Epífana: Você faz força em excesso, é esforço! Vou preparar algo
para você beber, fique tranquila, é de baixo teor alcoólico.
(A Mulher pega o copo e bebe o conteúdo num gole só. Então começa
a derrubar as coisas, os móveis, os quadros, fica em descontrole, A Mulher
sente-se como um Popeye quando come espinafre).
Epífana: Vai, continua, não para! Vai até o fim. Quando você pensa
que acabou, não acabou ainda, você precisa ir até o fim! Você precisa cair!!!
(Epífana empurra a Mulher que cai em queda livre, sua queda é
imaginária, ela fica de olhos fechados deitada no chão, grita como se estivesse
caindo, caindo, caindo... Ela cai em si mesma, fica imóvel e relaxada, parece
estar dormindo de barriga para cima).
Epífana: Pode abrir os olhos. (entrega um copo de água para a
Mulher). Beba um pouco desta água e depois pode ir...
Mulher: Que bagunça que eu fiz, quer que eu arrume? Eu quebrei
alguma coisa?
Epífana: É assim mesmo, não se preocupe com isso agora, pode ir...
Mulher: Eu vou, eu estou um pouco tonta, mas eu sei que vai ficar
tudo bem. Eu sei!
Epífana: Cuidado ao sair, não tropece em nada, olhe por onde você
anda, o que não foi ao chão deve permanecer como está, o que tinha que cair ao
chão, no chão vai ficar. Saia do jogo como uma vareta preta quando é retirada
do meio das varetas coloridos num jogo de"pega varetas". Saia
com calma e precisão.
(Quando a Mulher está saindo, ela quase derruba a mesa onde estão
as essências de Epífana, a Mulher se assusta, olha para Epífana, pede desculpas e
sai).
Uma narrativa para pantomíma:
,uma menina estava sentada debaixo de uma
árvore frondosa, ela desenhava pássaros num caderno, de repente, de cima da
árvore, caiu sobre ela um balde de água. Ela ficou toda molhada, sua roupa, seu
caderno... Tentou subir na árvore para ver se descobria a origem do balde. Ela
não conseguia subir, escorregava, pois sua roupa estava muito molhada. Quando
já estava desistindo, a árvore começou a balançar e uma Gorila começou a descer
da árvore, ela ficou assustada. Então, a Gorila pegou o balde vazio e colocou-o
sobre a cabeça da menina. A Gorila segurou na mão da menina e conduziu-a,
guiando-a pelo vasto campo. A menina se sentia tão segura que se entregou a
experiência e se deixou levar. A Gorila corria puxando-a pela mão, mais tarde,
quando se cansou da brincadeira, foi embora. A menina ficou sozinha com o balde
na cabeça. Começou então uma forte ventania, tão forte que tirou seus pés do
chão, o balde foi arrancado de sua cabeça com a força do vento. O vento fez com
que ela voasse tão alto, que quando recuperou a visão, estava a voar entre
pássaros, os mesmos pássaros que ela desenhava em seu caderno...
saiba mais:
http://issuu.com/lander_house_of_art/docs/projeto_imperatriz_0.5/1
saiba mais:
http://issuu.com/lander_house_of_art/docs/projeto_imperatriz_0.5/1
Gostei muito dos textos, estou aqui tentando tirar o balde da cabeça e descobrir como escrever por aqui, voando....
ResponderExcluirSilvia
Que legal Sil!!!
ExcluirEsse texto é o número 100 do Blog.
Quando fizemos o Experimento nº 1 fiquei com a sensação de uma inauguração mesmo, pois a Carta "O Mundo" trouxe a inseminação, a semente...
Fiquei muito feliz em compartilhar a Caixinha Preta com vcs!
Parabéns pela criação!!! Você para mim é uma MESTRA muito querida.
Beijos.