Para Raquel Soares do Amaral.
Estive de braços dados com todas as outras que sou num passeio longo e intenso.
Tive
olhos apenas para as muitas que fui. Olhos para dentro de tudo o que agora sei.
Sei para
mim e para todas as outras que sou.
Fiquei debruçada
sobre o saber como sou e sobre o saber das muitas que sou.
Sou.
Soube.
Alguém
bate a minha porta.
Digo por
favor, para que espere, pois estou terminando de não saber nada sobre mim,
sobre as outras, sobre mim, sobre as muitas.
Estou terminando de não saber.
Estou terminando de não saber.
Quando
não souber mais nada, quando tudo estiver desaprendido, vou abrir a porta para o
punho forte que bate com insistência.
Já vai!
Já vai, estou quase terminando de Não Saber.
Pronto!
Já não sei mais nada.
Nada.
Abro a
porta e vou ao encontro da razão, do domínio lógico, da estratégia, do combate.
Vou à
luta!
Vou
conquistar, desbravar, tomar posse!
Vou
tomar posse, me apoderar, me encorajar.
Tenho o
poder de não saber.
E por
isso posso errar, e sem querer saber, posso então, acertar.
Passo
pela porta com mais segurança, já andei por tantas cordas bambas, já caí, já
levantei, já doeu, já me curei...
Vou me
arriscar e ver o que há para além do conhecido e brincar de ser o que não sou.
Vou como
uma criança, mas como uma criança que ouviu atentamente os conselhos de sua mãe
e que lembra de alguns provérbios de seu pai.
Uma
criança preparada para a liberdade que lhe foi dada.
Livre e
amparada.
Com amor,
Adriana Azenha.
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