Sim, ele está bem arrumado!!!
Sem as calças. Quer sair por aí só de
cueca.
Sua tia não deixa, sua irmã morre de
vergonha.
Então, ele se tranca no quarto, faz birra,
reclama.
Quer sair com o casaco novo e com a cueca,
que também é nova, e é bela.
Vai sair escondido pela janela.
A janela é alta, a casa é assobradada.
Ele pula, se esborracha no chão, quebra a
jardineira, bate a cabeça, o galo canta e assusta a vizinhança.
Prende o choro e solta os cachorros.
Rasgou a cueca, vai remendar.
Vai colar os cacos da jardineira de barro
e replantar as camélias.
Vai se desculpar com os vizinhos pelos
latidos vulgares de sua fúria.
Vai colocar cubos de gelo na crista do
galo.
Vai baixar a crista.
Vai passar os dias se ocupando em
restaurar o impulso de pular.
Depois de seu resguardo, veste novamente o
casaco, olha-se no espelho e se espanta ao ver os pelos crescidos em suas
pernas.
O remendo da cueca é cicatriz na virilha
que o tempo esconde por debaixo dos pelos.
Que homem bem arrumado.
Veste as calças, pede a benção da tia,
abraça a irmã e sai pela porta da frente.
Ele tem um encontro com sua namorada e não
quer chegar atrasado.
TEXTO INSPIRADO NA SEQUÊNCIA: O ENAMORADO
- A CASA DE DEUS - A TEMPERANÇA - O CARRO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário