domingo, 7 de novembro de 2010

no ventre do novo mundo

Há mais razão na paixão que na escolha de ficar em suspensão.
Há mais emoção no ganha-pão que na desvairada aventura da contravenção.
Há mais razão no descontrolado movimento que na segurança de ficar ileso.
Há mais emoção no controle da situação que na loucura sem expressão.
Há mais razão em mergulhar no escuro que no clarão que cega a visão do invisível mundo.
Há mais emoção em vislumbrar a sorte que percorrer a trilha incerta, se deparar com a morte.
Há mais razão no silêncio solitário do abismo proclamado,
que na companhia ingrata que mantém a vítima conformada.
Há mais emoção no perfil solene do digno sobrevivente,
que na febre ardente, do delírio demente, sorridente, do emergente.





É na conquista do novo mundo que piso o chão e caio das nuvens, que abro os olhos e fecho a boca, que abro a boca e fecho os olhos. E da água ganho um beijo. Do ar, ganho um suspiro profundo, lento. Do fogo, ganho uma mordida bem gostosa na virilha. E da terra, ganho um ventre acordado, vivo, fértil, criativo.







O mundo novo é meu, estou invadindo meu corpo com minha alma, entro sem bater, agarro com força, separo as coxas e gozo a vida satisfeita com a oferenda que ela preparou pra mim. Que seja assim...