sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Carta Crua para Marcelo Bartz | O CARDÁPIO

Como se faz uma escolha?
O que se leva em consideração?

Vantagem ou desvantagem.
Lucro ou prejuízo.
Gosto ou desgosto.


Podem as escolhas se desescolherem?
Podem as opções desaparecerem?


Saio eu e ficam os caminhos.
Sou coluna do meio em meio ao conflito, sou empate, sou zero à zero, sou sozinho.


Nem isto, nem aquilo. Eu quero o todo, quero redondo, inteiro.
No cardápio da vida me ofereceram dois pratos de comida: "salgado ou doce?".
Jejuei, fiz greve de fome. Não quero comer nem um, nem outro.
Como a mim mesmo, me consumo e deixo os dois pratos viverem para sempre separados.
Sempre serão, independentes. 
O sal se faz no mar e o mel se faz da fruta-flor que a abelha desejar.
Seja qual for, não serei eu o criador. 
Posso até escolher, mas antes pensem bem sobre o que vão me oferecer.





domingo, 21 de agosto de 2011

A Carta Crua | Prometido e Pressentido.

Como estão eles agora?


Eles quem?


O homem ganhou um fardo pesado, teve de olhar pro passado e ver o prato cuspido onde um dia ele havia comido?
A mulher ganhou firmeza nos braços, atravessou o rio à nado, chegou na outra margem cheia de novidades?
Como estão eles agora?


Eles quem?


O homem está olhando para atrás e a mulher está olhando para frente?
Ele prepara sua mudança e ela sente, pressente, intui e conclui?


Há pouca luz. Amanhã quando amanhecer, ele verá com mais clareza, ainda não sabe o que fazer com tamanha tristeza.
Há pouca luz. Amanhã quando amanhecer, ela verá no mesmo céu azul do dia, uma lua nova, aguardando o sol poente, para discretamente lhe trazer alegria.


Um bom dia.
Para ele o dia termina e para ela o dia começa.
Um mesmo dia para duas promessas.





sábado, 13 de agosto de 2011

A Carta Crua | Empreitada

Pense em algo novo.
Insista e pense de novo.
Sabe fazer algo novo?
Sabes nada!


Pegue suas ferramentas e construa uma estrutura diferente.
Experimente, seja persistente.
Sabe ser diferente?
Sabes nada!


Estou a dias dormindo sobre o fim, a novidade e a transformação.
Que desafiadora missão...
Quero transformar o vinho em pão.
Quero transformar a água em poção mágica.
Não tenho as essências necessárias.
Ou tenho e estou com medo, ou tenho e desconheço, ou tenho e não sei se ofereço.
Oferecer a quem?
Observe o cardápio, há de tudo neste solo, neste lago, nesta terra, neste jarro.
Plantei e pesquei, Colhi e servi.
Querem mais?
Lá vou eu abastecer de vida a seca.
Lá vou eu abastecer de sonho a consciência.
Mudar a forma, talvez reciclar.
Aproveitar o resto, desconstruir e ter como base o teto.
Se botar o telhado à baixo, inverto.
Se botar o chão à cima, subverto.
Então com a permissão e com a colaboração dos subversivos, inicio meu projeto arquitetônico.
Amanhã farei algo novo pra mim.
Farei o quê? Não sei.
A novidade está em deixar de pensar, em relaxar e parar de me importar.
O importante agora é botar pra quebrar.
Seja concertando, restaurando ou reformando; a desordem, a bagunça e a poeira farão parte do contrato com a empreiteira.
Pedra, pedra, pedreira. 








segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A Carta Crua | Sair Pra Trabalhar!

A melhor saída:
Crer na força da minha vontade.
Crer que, movida pela paz infinita, eu posso, eu mereço, eu tenho a proteção que desejo.
Medo? 
Sim, desconfiança.
Muita sabedoria pra pouca demanda.
A melhor saída:
Aproveitar o tempo que tenho pra sonhar.
Conquistar outro lugar.
Recompensa sobre a mesa, aí está o meu alimento, é o que recebo depois de me ter entregue em oferenda.
Dou meu corpo, meu gozo e minha crença.
Dou minha nudez, meu suor, minha obediência.
Dou meu ar boca a boca, minha água em lágrimas, meu sexo em brasa, minha terra encharcada.
Dou e não recebo, não agora, não neste dia, nesta hora.
Não recebo o suficiente para sustentar meu corpo carente, minha fome de anos.
O que tenho pra hoje, é pouco pro tamanho do meu corpo.
O que tenho pra hoje, reparto ao meio, mesmo que pouco, ofereço a metade deste pouco todo.


Ofereço aos famintos a metade da parte que me foi dada.
Fico com minha fome.
Senti vontade de desistir...mas não vou morrer de fome, de fome de não.
Tenho fome de VIVER!
Com licença, preciso me levantar, me vestir e sair pra trabalhar.
Fui...