terça-feira, 17 de maio de 2011

A Carta Crua em Noite de Lua Cheia | A Colheita

Quanto tempo ainda eu vou ter de esperar?
Acabou a espera, esqueça daquilo que estava esperando. Não espere.
Desespere!!!
Quanto tempo ainda vou me desesperar?
Cruze as pernas, assobie uma canção, encoste na parede, leia um livro, se distraia.
Traia!!!
Quanto tempo ainda vou me trair?
Ouça os lamentos, mas fique apenas com as mentiras, as anedotas, acredite que há uma revolta.
Volta???
Por quanto tempo ainda vou me revoltar?
Volte pra refazer, pra renovar, pra reconstruir, volte pra poder voltar, despedir.
Pedir?!
Quanto ainda devo pedir?
Esvazie os jarros, desperdice os excessos, perdoe os acréscimos, doe sem punição, não peça, faça a devolução.
Entendeu a lição?
Não fique somente com a sua versão, ouça as vozes, ouça as dores nas palavras inteiras, não ouça apenas as  meias, ouça o barulho da festa na vizinhança, não se aborreça, entre na dança, não resista ficando somente com a noite mal dormida. Inverta, subverta, vire do avesso sua sentença, desenforca sua cabeça, reviva, seja você a juíza, descrucifixa. Você está absolvida, agradeça todos os dias, pois com alguma atenção, você consegue separar o sim do não, o seu do meu, o visível do invisível e ficar com o que te foi escolhido.
Você foi escolhida.
Colhida!