domingo, 19 de junho de 2011

Carta Crua | NA COMPANHIA DAS SOMBRAS





Lá onde dorme minha insensatez, plantei uma bananeira, virei estrela, fiz parada de mão, subi no trepa-trepa e me pendurei de cabeça para baixo pra ver o mundo ao contrário. 


Gostei!


Lá onde passeia minha embriaguez, rodopiei confusa no inesperado eclipse, esqueci das horas, agucei os sentidos, desacelerei os ritmos para ter o instinto dos bichos, a inspiração dos poetas e a intuição dos profetas. 


Louvei!


Lá onde mora, pela última vez, minha viuvez, desvesti o luto para vestir o defunto, aqui jaz o jazigo, debaixo dos escombros, soterrado no passado, digo e repito, quantas vezes for preciso, até que se faça entendido: 


-Aqui nasce com rapidez minha lucidez. Antes só, que desacompanhada.