segunda-feira, 29 de novembro de 2010

a dúvida

Era lua cheia, ao norte, luz, à leste, a janela que dava pro jardim, ao sul, os três patetas e à oeste, o quadrado fixado na parede. Meditação ativa.
O renascimento sofreu um adiamento por conta de uma dúvida desnecessária: Ser ou não flechada? Que dúvida?
Se é pra nascer de novo, então que seja em grande estilo. Preparem para ela um vestido bonito, tirem as medidas, comprem o tecido, pois as duas costureiras já estão de agulha e linha na mão.
A flecha será certeira, já temos igreja, salão de festa e de beleza, convites, champanhe e bolo com cerejas. Mandaram avisar o padre, já está confirmado.
Depois de tanta devoção, de tanta celebração, de tanto joelho no chão, ela teve a revelação, daí sofreu um escorregão, teve um ataque de bobeira, caiu de novo na choradeira. Tudo por causa da incerteza, do medo de ser de novo ela mesma. Pois bem, agora chega!
É hora de abrir  um sorriso, atravessar o portal e vir pro mundo real.
Está tudo preparado pra ela, só não pode duvidar. No mundo real, quem duvida não realiza. Vem minha filha, vem que tá todo mundo te esperando...