domingo, 6 de março de 2011

Ainda sob revisão, mas já à disposição: "Em expansão! Subindo..."


Ao escolher o par, escolha o similar.
O quase irmão, um primo, um incesto sentido.

Destrua o outro que permanece enfraquecido, doente, corroído.
Destrua com vontade!
Jogue fora o par defeituoso, não só a parte estragada, mas também a parte contaminada.
É, você mesma, que é também parte da parte infectada. Jogue fora agora!
Olhe com atenção, veja se não sobrou nada, veja se a queda livre resultou em morte súbita, se as cabeças derramam sangue na sarjeta, se os pescoços estão quebrados e os maxilares deslocados, se as fraturas estão expostas e se há atestado de óbito documentando o fim dessa bosta.
Confira, averigue e cheque, certifique-se.

Agora se esforce ao máximo para manter viva na mente a memória do semelhante semblante que convidou-a ao amor e que sem titubear vc aceitou, lembre-se de que vc se programou, planejou por meses esse encontro ardente, esse sexo com desinteresse, esse prazer puramente virginal de ser deflorada pelo seu igual.

Tão consciente de sua função, seu par ancestral, avisado com antecedência foi ao seu encontro com urgência, pois precisava, ele também, atender a incumbência.

Foi ensolarado como seu astro regente, perfumado, lindo como um pavão pretendente a cortejar sua fêmea, foi e deu de cara com sua irmã dourada, vestida de vermelho no meio da calçada, olhos claros, os quatro, cabelos claros, os dois, postura ereta, ambos, vaidosos albinos com pequenos vícios, ela com um copo de cachaça na mão para esquentar seu coração, ele com pedras de gelo à boiar no uísque, à refrescar seu guloso apetite, viram-se, ouviram-se, tocaram-se, fizeram suas partes, amaram-se com coragem, despediram-se com classe. Como foram lindos e delicados e gentis e iguais no afeto, no gesto e no fazer, sem ter que perguntar nada, tudo o quê é certo. E fizeram e fizeram e fizeram...

A função do similar, neste específico evento, é de dar à ela a justa medida de sua beleza invertida, de dar à ela confiança e segurança para seguir em frente sua dança.

Ela não precisa de aprovação, de repetição nem que lhe dêem os loros da consagração, não, ela não precisa de nenhum tipo de confirmação acerca de sua excelente performance e de sua satisfatória agilidade para subir no trapézio, dependurar-se, abrir-se, mostrar-se, exibir-se fantasticamente em equilíbrio com seu querido masculino.

Atendemos ao primeiro pedido.

A estrela segue à guiar seu caminho, nossa protagonista agora precisa de proteção, de força para não cair nas garras da coitada, da vítima desolada que, vez ou outra, surge pra ameaçar sua convicção.

Convicta. Ela deve manter-se convicta!