terça-feira, 23 de novembro de 2010

Meu filho, não vai no fundo, que o mar hoje está bravo!

No centro do palco a grande Mãe: Poder e Paciência.
Uma gestação é lenta...
Sem me aborrecer, sem me ferir, sem temer, sem precisar reagir.
Eu estou no centro, na perna direita: a astúcia, a malandragem e um certo deboche de quem se sacode.
Eu estou no eixo, na perna esquerda: a leveza, a suavidade e um certo ar confiante de quem se locomove.
Avante! Exército triunfante! Desarmado exército, munido de afeto, de intuição, de fluidez e sedução.
Estou em ação, meu movimento está na visão, vejo longe, com modéstia, meus olhos em deslocamento enxergam meu território inteiro.
Território livre, sem fronteiras, sem trincheiras, sem bárbaros e invasores.
Aguardamos pacientemente a proclamação da feliciadade.
Festejamos antecipadamente nossa idolatrada data descomemorada.
A mãe pode no amor, ama em poder.
A mãe espera o tempo que for e é também a esperada temporada.
Pode ser o verão, uma Grande Mãe do Verão, com um leque na mão, um grande chapéu de sol, um vestido de cambráia, óculos escuro, borrifador, bloqueador solar. Ela está gritando à beira mar com seus filhos que estão a brincar nas ondas. Ela tem medo da maré, mas confia e encoraja sua cria, que sabe se benzer antes de entrar no mar, que sabe nadar, que sabe, que ela está alí, deslumbrante, em seu traje de madame, mas se precisar se jogar pra desafogar um filho engolido por Netuno, ela arranca tudo e num braço só traz à tona o filho, traz o fôlego, o pulso, a vida.
No centro da cena está a atenta e divertida Mãe do calçadão, do chinelinho de dedo, do sorvete, do milho verde, da canga, do guarda-sol, da caipirinha de abacaxi, da bicicleta, do biquíni, do maiô, do amendoim, da esteira de vime, do castelo de areia, do pôr-do-sol, do repelente, do nariz vermelho, do calor, do calor...