domingo, 23 de janeiro de 2011

Secreta

Foto Vi vis | Cia de Afrodite
Meus Deus! A casa caiu!
Então mãos à obra, faremos uma reforma.
Vamos aproveitar as sobras, os entulhos e começar levantando os muros.
Com a ajuda do escultor, do pintor, do restaurador e do consultor para assuntos da dor, faremos resurgir das cinzas, num palco antes em ruínas, uma protagonista ovacionada e aplaudida.
Ela ficará comovida, dará autógrafos, posará para fotos, mandará beijos para os paparazzis fofoqueiros.
Discreta e modesta entrará em recolhimento nos aposentos de seu camarim, beberá uma taça de gim, trocará o vestido pela calça jeans e sairá pelos fundos, de óculos escuro.
Ela seguirá secretamente seu rumo.
O rumo de sua história.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O ORÁCULO SOBRE A MESA

Retiro do fundo do poço escuro a confissão do crime cometido, tratava-se de uma uma cópia mal feita da  existência dela. Trago para superfície a gosmenta mentira e jogo-a sobre a mesa para analisá-la com clareza.


Feia, muito feia.


Então concluo:


Uma, só existe uma. Única. Se há outra, é a falsa, a intrusa, a covarde, a burra.


Estou nesse exato momento desfazendo o mal entendido e expulsando a boazinha do Paraíso, pois sinto muito informar-lhes, mas deste território cuido eu, desde o princípio, muito antes de inventarem as serpentes sedutoras e as folhas de parreira para taparem-lhes as vergonhas.


Muito antes...


Volto a reinar sob a luz das estrelas.


Volto a ouvir o canto do corvo anunciando o chegada do anjo de asas negras e de olhos vendados. O anjo que voa desgovernado, flechando às cegas o coração dos desprevinidos mortais.


De agora em diante, sempre que o anjo cair de sua nuvem cinzenta e voar por sobre a cabeça dela, cairá uma chuva grossa e ela abrirá um guarda-chuva cor-de-rosa. Então a flecha, num bate e volta, acertará o anjo, que voará cambaleante em direção a outro coração errante.


Está previsto que ela ficará atenta e resguardada. Que não será novamente vítima de outra farsa.


Sua imagem será preservada e amar a si própria será o seu eterno compromisso. Ela será autora da obra, página por página, linha por linha, todas as palavras serão suas verdades relatadas.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Quartzo Rosa

Desta vez deu as costas para o triste retrato dos prisioneiros do mal amado, do mal olhado, do mal humorado.

Do mau agouro. Ah...o agourento, tão necessária sua presença, pois com sua astúcia e destreza fez de refém os tristonhos e libertou o espírito risonho.

Que linda aparição, a do espírito brincalhão.

Foi ao encontro da amável gangorra, sentou-se no centro e ficou aguardando, em silêncio, a chegada dos namorados que, desavisados ocupariam cada qual seu lado, e com frio na barriga, descida e subida, frente a frente, equilibrariam suas forças e revezariam a alegria da suspensão e o olhar admirado daquele que promove a elevação.

Que diversão!

Existem brinquedos para serem brincados aos pares.

Brincadeira de corrupio, por exemplo, é vertigem para dois, quando há três, deve-se brincar de outras coisas. 

Na gangorra do risonho, frio na barriga tem outro nome... e Eros é quem escolhe o par, convidando-nos a brincar de amar.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Jornada Noturna do Mar

Missiva para Thaís Mori


Alimentou suas crias: uma gata, uma cadela. Sem falar da ligação recebida do filho, alimentando-a de carinho. Estava a caminho do destino já construído pelos pilares de seu sagrado ofício. Vestiu-se com a roupa mais nua do guarda-roupa e foi avisada que, lá onde ela estava sendo chamada, havia uma velha senhora muito justa e sincera que exigiria dela retidão, obrigação e prudência na confecção de sua embarcação. A travessia seria longa, os recursos escassos, o mar estaria bravo e a noite escura daria  passagem a lua para que ela avistasse a terra firme e aportasse sã e salva, santa e alva como a bruma.


Adriana Azenha

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Detrás pra frente ou O descompreendido

.entendimento o quero eu tristeza de chorar mais quero não eu ira a quero não eu irritada ficar quero não eu paz quero eu leve peito mágua sem dor sem amor o quero só  acolhidos e respeitados sejam afetos meus que quero estrada minha apaixonada seguir iguais meus dos luz a com aprender preciso for que tempo o esperar,