quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A Cena da Imperatriz: Experimento nº 2 | A Boticária.



(A cena se passa na Botica de Epífana, uma Mulher está aguardando para ser atendida, cheiro de cânfora e outras essências).

Epífana: Você gosta do cheiro? Gosta de sentir o cheiro das coisas?

A Mulher: Eu gosto do cheiro das ervas, dos temperos. E esse cheiro? É alecrim?

Epífana: É, mas não é para comer.

Mulher: Eu sei... Está tão perfumado...

Epífana: Eu vou jogar um pouco de água na sua cabeça, feche os olhos e imagine que a água escorre por um funil e escoa para um fundo infinito. (jogando a água). Onde dói?

Mulher: Dói a perna direta, bem encima do joelho, no fim da cocha...

Epífana: E a cabeça? Dói?

Mulher: O que causa a dor na perna talvez seja a cabeça. A cabeça é que faz doer as pernas. Eu me sinto como um pássaro que tem uma perna quebrada, nada me impede de voar, mas na hora do pouso, na hora de aterrissar... É sempre tão difícil!

Epífana: Você gosta de álcool?

Mulher: Não, eu não bebo, eu não fumo, eu não cometo excessos, eu me alimento muito bem...

Epífana: Você faz força em excesso, é esforço! Vou preparar algo para você beber, fique tranquila, é de baixo teor alcoólico.

(A Mulher pega o copo e bebe o conteúdo num gole só. Então começa a derrubar as coisas, os móveis, os quadros, fica em descontrole, A Mulher sente-se como um Popeye quando come espinafre).

Epífana: Vai, continua, não para! Vai até o fim. Quando você pensa que acabou, não acabou ainda, você precisa ir até o fim! Você precisa cair!!!

(Epífana empurra a Mulher que cai em queda livre, sua queda é imaginária, ela fica de olhos fechados deitada no chão, grita como se estivesse caindo, caindo, caindo... Ela cai em si mesma, fica imóvel e relaxada, parece estar dormindo de barriga para cima).

Epífana: Pode abrir os olhos. (entrega um copo de água para a Mulher). Beba um pouco desta água e depois pode ir...

Mulher: Que bagunça que eu fiz, quer que eu arrume? Eu quebrei alguma coisa?

Epífana: É assim mesmo, não se preocupe com isso agora, pode ir...

Mulher: Eu vou, eu estou um pouco tonta, mas eu sei que vai ficar tudo bem. Eu sei!

Epífana: Cuidado ao sair, não tropece em nada, olhe por onde você anda, o que não foi ao chão deve permanecer como está, o que tinha que cair ao chão, no chão vai ficar. Saia do jogo como uma vareta preta quando é retirada do meio das varetas coloridos num  jogo de"pega varetas". Saia com calma e precisão.

(Quando a Mulher está saindo, ela quase derruba a mesa onde estão as essências de Epífana, a Mulher se assusta, olha para Epífana, pede desculpas e sai).


Uma narrativa para pantomíma:  

,uma menina estava sentada debaixo de uma árvore frondosa, ela desenhava pássaros num caderno, de repente, de cima da árvore, caiu sobre ela um balde de água. Ela ficou toda molhada, sua roupa, seu caderno... Tentou subir na árvore para ver se descobria a origem do balde. Ela não conseguia subir, escorregava, pois sua roupa estava muito molhada. Quando já estava desistindo, a árvore começou a balançar e uma Gorila começou a descer da árvore, ela ficou assustada. Então, a Gorila pegou o balde vazio e colocou-o sobre a cabeça da menina. A Gorila segurou na mão da menina e conduziu-a, guiando-a pelo vasto campo. A menina se sentia tão segura que se entregou a experiência e se deixou levar. A Gorila corria puxando-a pela mão, mais tarde, quando se cansou da brincadeira, foi embora. A menina ficou sozinha com o balde na cabeça. Começou então uma forte ventania, tão forte que tirou seus pés do chão, o balde foi arrancado de sua cabeça com a força do vento. O vento fez com que ela voasse tão alto, que quando recuperou a visão, estava a voar entre pássaros, os mesmos pássaros que ela desenhava em seu caderno...




saiba mais:

http://issuu.com/lander_house_of_art/docs/projeto_imperatriz_0.5/1