Aleluia, Aleluia, Aleluia!!!
Sua moradia, um casulo, pequenos aposentos para grandes recolhimentos.
Aconchego.
Casa, comida, roupa lavada.
Crisálida.
Chave.
Escada.
É bom poder contratar uma empregada.
Gerar emprego, ser camarada, ter mais tempo, ser dedicada ao próprio empreendimento.
Para tal investimento, aplicou seus recursos no resgate do assunto silenciado.
Um assunto que ficou por tanto tempo amordaçado, de tão assustado, começou a balbuciar palavras desordenadas e procurou aos poucos formular uma frase inteira, palavras cruzadas na busca de serem reveladas.
Uma dica, uma pergunta, uma saída?
Ficará remoendo o assunto para que o um novo tema fortaleça sua questão.
Aplicará seu aprendizado de imersão no desconfortável convívio com o incompatível, em divertimento e riso.
A temática do feminino transformada em graça e piada, em canção debochada, em didática representação, na epopeia da heroica reconstrução.
Depois de calada, virá a fala multiplicada, depois de quase esquecida, virá a rememorada imitação da vida.
Palmas, palmas, sons dos aplausos celebrando a vitória sobre sua própria máscara desencaixada, a máscara não servia na atriz. Difícil exercício de improviso, atuar com uma máscara emprestada. Fim do ridículo espetáculo. Máscara derrotada, atriz com a face exposta, livre para vestir sua identidade, para ser uma nova personagem.
E lá está ela sentada na cadeira da escritora, na cadeira da diretora, na cadeira do restaurante, na cadeira da praia, na cadeira de balanço lendo histórias para seu filho.
Uma pausa, para olhar para o filho.
Para o filho, a máscara da mãe sempre lhe caiu bem, para o filho, ela sempre esteve compatível, para o filho, a vida sempre imitou sua arte e sua arte sempre imitou sua vida. Para o filho, todas as escolhas foram boas, todas as tentativas foram dignas, todas as atitudes coerentes com seu amor prudente.
O filho foi gerado no equilíbrio do sonho bem aventurado. Aleluia! Aleluia! Aleluia!
Ela está sentada na cadeira de sua casa, trabalhando, estudando, aperfeiçoando seu artesanato, projetando um futuro que já se desenhou na vontade, no desejo e na coragem de mudar.
Mãe e filho caminham à beira mar...em frente, pisando e marcando na areia o tempo presente.
Seja bem-vindo! Os textos publicados são inspirados na linguagem pictórica não-verbal do Tarô. "O baralho de Marselha nos chega desacompanhado de um texto explicativo. Em vez disso, oferece-nos simplesmente uma história pela imagem, uma canção sem palavras, que nos acode ao espírito como um velho refrão, evocando lembranças sepultadas" (Sallie Nichols). Textos: Adriana Azenha. Fotos: Viviane Fracari. O Blog deu origem ao espetáculo teatral O MIOLO DA MISSIVA.