sábado, 19 de março de 2011

As Quatro Personagens| Missiva de Abertura



Com algumas poucas conexões, elas sentaram-se a mesa para discutirem o futuro baseado em um passado sem antecedentes anotações. Visualizam o desejo de desmaterializarem a concretude da vida, transformando-a em arte.
Fernanda Nocam
Adriana Azenha
Elas próprias são as personagens, elas sabem, elas não se importam e até gostam. Será à partir do aglomerado de fatos e do amontoado de sensações que, elas abrirão espaços para suas livres abordagens sobre o mundo do humano, do instintual, da matéria bruta e impenetrável do inconsciente, das imagens vistas pelos cegos, das palavras ditas pelos mudos, dos sons ouvidos pelos surdos, de tudo que não sabemos nomear.
Silvia Fuller e Juliana Passos
Elas querem vasculhar esses labirintos, elas querem adentrar os quartos. À começar pelos debaixo, os porões, os subterrâneos, os alçapões...
Elas entram em cena na seguinte ordem:
Primeira personagem: a arquivista, a que tem acesso aos mapas do labirinto, aos números dos quartos,que conhece os segredos dos cófres, as chaves e as fechaduras.
Segunda personagem: a condutora, a que sabe navegar, cavalgar, voar, ela domina as rotas, conhece atalhos e percursos, as fases lunares, as bússolas.
Terceira personagem: a propagandista, a que bate à porta, oferece o produto, investiga o consumo, divulga o benefícios, sabe sobre virtudes e vícios.
Quarta personagem: a jardineira, conhece a terra, as sementes, o tempo de plantio e as colheitas, conhece as pragas e os estercos e também os venenos. 
Cada qual com seu conhecimento. 
Elas trabalharão juntas com o raro propósito de serem ouvintes do silêncio inspirador que faz barulho no oco espaço do conteúdo.


(Fotos: Viviane Fracari).
                                                                                                                                                                           

2 comentários:

  1. A propagandista? Me falha a compreensão....mas de virtudes e vícios eu entendo....

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  2. Oi Fê...é que nem propagandista de remédio!

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